9 de fevereiro de 2014

A tarde ainda estava pelo meio  e Jon estava com os amigos no corredor da escola quando percebeu Alicia e o outro garoto que apenas conhecia de vista. Alguma coisa estava o incomodando, de qualquer maneira era apenas mais um dia na Fresno. Os alunos já começavam a limpar os armários que passaram o ano todo abarrotados de bugigangas e livros. Fresno fora reduzia drasticamente à poucos alunos que agora  estão de recuperação correndo atrás do que deixaram de fazer durante o ano, Fresno está aberta dia e noite para todos aqueles que queriam ter algo para os diferenciar do mundo.

 Fresno já foi o tipo de escola particular que apenas metidinhos estudavam, mas com as mudanças que Rose fez a cidade sofrer não sobrou qualquer prova da existência de uma Autumn ridícula que ligava para a aparência - como se ainda não ligasse-, os problemas da cidade pareciam nunca acabar então um decreto fez com que uma geração assumisse de cada vez, Rose Evengod está quase a meio século no comando de Autumn, alguns estavam conformados, mas outros (a juventude tinha direito de se manifestar) foram as ruas e fizeram este decreto ser queimado - literalmente -, as eleições começariam no ano seguinte. Eis um problema não citado: Autumn não tem um passado firmado, apenas relatos de velhos - com quase cem anos de idade - moradores que pensam serem vigiados pela prefeita. Talvez eles estejam certos, Evengod tem olhos em todos os lugares. Dizem tanta coisa sobre ela, talvez tenha saído dai o talvez envolvimento dela com os desaparecimentos. 

Enquanto o mundo corria fora das paredes da casa de quatro andares de Maxwell -o garoto que se encontrava sentando no chão à frente da porta desde que Rose saiu-, Jon se pergunta onde estaria Max, as vezes as noticias da pequena cidadezinha não chegava tão rápido assim ao ouvidos de todos. Durante uma das trocas de períodos Jon foi atrás de Alicia que estava com um sorriso bobo olhando para a sala de esgrima, de uma coisa Jon tinha certeza, Alex estava se exibindo, ao lado, escorado na parede e com cara de tédio, estava Leo brincando com um elástico. 

- Alicia? - Jon diz arqueando uma sobrancelha e levemente inclinando a cabeça para o lado. Alicia estava ocupada demais e nem notou, na verdade só foi Jon ter chegado perto que a porta da sala parecia ter simplesmente a engolido. Apenas Leo e Jon estavam no corredor, o suficiente para ser assustador. Por outro lado o elástico que estava na mão do garoto escapa e vai direto para um dos enfeites natalinos, Leo fica com cara de bobo quando nota a falta da ruiva.

-   É, Alicia? - Então Leo percebeu o outro ali. Os dois se olharam por alguns segundos, o suficiente para dar aquele ar de: diga alguma coisa. Leopoldy se inclinou para a porta e percebeu que a outra estava com a boca ocupada. Virou novamente o olhar para Jon e balançou a cabeça em negação, nem ele conseguia acreditar no que Alicia fazia as vezes. 

- Viu o Max? - Jon pergunta ainda estranhando a situação que Alicia sempre conseguia colocar os outros. Balanço a cabeça sabendo que o garoto a sua frente poderia saber saber alguma coisa sobre Max, mas uma coisa que Max não gostaria seria de saber é que Alicia encontrou um novo amiguinho para passar o tempo, Alicia por outro lado estava adorando tudo aquilo, antes da noite em que Alex e Amélia os encontraram no prédio abandonado Alex foi até Alicia enquanto ela ia para casa. Enquanto caminhavam trocaram informações e fins inúteis, mas a ruiva e sua boca extraordinariamente grande acabou por dar com a língua nos dentes e disse que mais tarde iria para o tal prédio abandonado perto do cemitério de indigentes. Logo o cachorrinho de Amélia e Ofélia tinha contado para um das loiras, bom, o final você já sabe.

  - Ele não apareceu na escola hoje. Pensamos que ele estava com o namorado. - Leo disse virando o olhar para dentro da sala, agora Alicia estava tendo "aulas" de como segurar um florete. Os dois garotos começaram a ouvir um gemido, logo em seguida alguns dos jovens que estavam na sala começaram a sair. Jon ficou ligeiramente desorientado eis então um barulho irritante que começou a ecoar nos corredores da escola.

- Tentei ligar pra ele. - Disse Jon assim que conseguiu ver Leo novamente. Leo balançou a cabeça pegando a mochila que estava no chão e tirou dela o celular de Max que o havia deixado na casa dele. Jon pegou assim que o outro lhe deu o celular, o suficiente para deixar os dois com algumas duvidas, uma delas é onde estaria o garoto de cabelos brancos.

- Eu até atenderia, mas não tinhas visto as notificações até pouco tempo. - Suspirou ele virando o olhar para a criatura que balançava a "loirice" de um lado para outro. Amélia vinha fumegando. Leo arregalou os olhos e deu algumas batidas na porta, mas parece que eles não tinham ouvido. Leo pediu pra Jon ficar na frente da porta.

- O que deve ter... - Foi o bastante, Jon não conseguiu terminar a frase foi empurrado para o lado assim que a loira chegou olhando-os tortos, Leo sentiu que teria de ir no enterro da melhor amiga. Amélia cravou a unha mais longa e grossa no peito de Leo. Ele sentiu o toque da garota em seu osso, saiu da frente assim que conseguiu desencravar uma unha que estava em seu peito.

Durante esse tempo, tempo o suficiente para que o grito de Amélia fosse ouvido por toda Fresno, também foi o tempo que levou para que a mão de Alicia saísse de dentro das calças de Alex, que por sua vez estava ocupado lambendo a orelha alheia. Jon e Leopoldy tentaram segurar a garota furiosa, mas não conseguiram. Aquilo perdeu a graça assim que Amélia deu um tapa em Alicia, a marca da mão da garota apareceu na hora. A ruiva revidou com um chute na canela dela, Alicia jogava futibol e tinha um pé que dizem ser do tipo "pesado." Foi o que bastou para começar a sair sangue após alguns segundos de arranhões e fios de cabelo sendo arrancados.  Alex começou a rir, Leo simplesmente começou a gritar com o outro dizendo algo como "por que diabos esta rindo?" e "faça algo," ele apenas ignorou, foi então que Leo se estressou e deu um soco na cara de Alex.

Engraçado como as coisas costumam funcionar em Fresno, pois Jon foi chamar algum responsável que estava na sala dos professores fumando um cigarro suspeito, demorou mais ou menos uns cinco minutos para que Marina, uma professora ligeiramente temida por parecer uma bruxa - coisa que não era meia mentira no final das contas. Marina tinha quase sessenta, cabelos loiros e com um olhar de mãe, o problema é que normalmente o olhar dela é o tipo de mãe que tem alguém provocando seu filho. O outro problema era esse, Alex. Filho dela. Quando chegou lá Alex continuava rindo enquanto terminava de aplicar um "mata leão" no garoto e as duas continuavam se matando.

Após alguns tentativas - a professora que ficou de olho roxo depois de um soco de Alicia, que estava mais para uma garota que acabou de sair da guerra do que para uma aluna quase exemplar, exemplo que serve para ambos, menos para Amélia já é muito ela saber o que era uma escola -  finalmente conseguiu desgrudar as duas. Marina não faria nada, na verdade só ficou irritada por daqui a pouco ter um olho azul mudando de coloração e ficando roxo. Alex estava com um ou dois arranhões e rindo, claro, Amélia foi junto com Alex para qualquer lugar, já a ruiva e Leo (que acordou alguns minutos depois) foram socorridos por Jon que os ajudou com o caminho que fizeram até a enfermaria.

O suficiente para uma tarde.